Centro Histórico: Centro Antigo passa por um novo desafio

Postado por Luisa Talento , 7 de dez. de 2010

Boas notícias para o Centro Histórico de Salvador, que está precisando  bastante!!!
Série 1/7 - A partir desta segunda-feira, 6, uma série de matérias traça os acertos e problemas do Centro Antigo, que envolve o Centro Histórico e seu entorno, uma área estratégica para Salvador do ponto de vista social, econômico e cultural.
A partir da fundação de Salvador, em 1549, o centro urbano da então capital brasileira se concentrava no perímetro delimitado entre Santo Antônio Além do Carmo e as imediações de São Bento. Essa poligonal, que define os limites do Centro Histórico de Salvador (CHS), concentrava atividades econômicas e culturais e servia de residência para a aristocracia, famílias abastadas e altos funcionários no período colonial. Durante o século XVII, monumentos e grandes edificações surgiram  como a Igreja do Carmo, a Casa da Câmara e Cadeia e o Terreiro de Jesus.
Essa riqueza cultural, histórica, arquitetônica e social forma um conjunto urbano que foi inscrito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 6 de dezembro de 1985, como Patrimônio Cultural da Humanidade. A área de 0,78 km²  (Salvador tem 313 km² ) também foi tombada em 1985 pelo decreto-lei nº 25/37 do Instituto do Patrimônio  Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Desgastada por um longo processo de abandono e degradação,  a área, a partir de 1990, passou por  um processo de recuperação estrutural. As intervenções deram outros contornos aos problemas existentes e evidenciaram a necessidade de ações locais.
Plano - O grande passo contemporâneo diagnosticando os pontos nevrálgicos do complexo tecido que constitui o Centro Histórico, bem como indicando os caminhos para superar as intempéries, foi a elaboração do Plano de Requalificação Participativo do Centro Antigo de Salvador, lançado em junho deste ano.
Capitaneado pelo Escritório de Referência do Centro Antigo (Erca), unidade gerencial vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), o projeto é uma iniciativa conjunta dos governos federal, estadual e municipal com apoio da Unesco.
Consultores traçaram a radiografia de aspectos como ocupação urbana e moradia, acessibilidade e mobilidade urbana, equipamentos e negócios culturais, economia do turismo, segurança pública, conformidade ambiental e a dimensão social, totalizando 12 eixos estruturantes.
Ampliação - A coordenadora geral do Escritório, Beatriz Lima, ressalta que as propostas foram consolidadas após discussão com todos os segmentos da comunidade do Centro Histórico. Ela observa também que o diagnóstico apontou a necessidade de ampliar o espectro geográfico de atuação para englobar um cinturão que circunda a área.
 No total são 11 bairros. “Problemas sociais do entorno, como a pobreza, afetam diretamente”, observa Beatriz. Ela explica que o objetivo primordial é garantir sustentabilidade para a região. O ponto de partida seria atrair moradias, estimulando conjuntamente os outros eixos estruturantes.
O presidente do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Frederico Mendonça, acrescenta a necessidade de fomentar práticas culturais como forma de atrair a sociedade. “É preciso buscar soluções inovadoras para acessibilidade e mobilidade”, aponta. O subprefeito do Centro Histórico, José Augusto Leal, resume sua receita para o sucesso do Centro Histórico. “É preciso autoridade, atitude e trabalho”, diz.
Crítica do Iphan - O Centro Histórico não é uma ilha e precisa interagir com os bairros do seu entorno. Essa integração vai além de situações práticas como mobilidade e acessibilidade e passa por questões sociais, como pobreza, tráfico e uso de drogas. A complexidade do diálogo entre todas estas vertentes está dissecada no plano de requalificação, que lança nova visão sobre a região, agora rebatizada de Centro Antigo.
Lançado em junho deste ano, o projeto está na esfera teórica, exceto por algumas intervenções, como melhoria da iluminação do Pelourinho e construção de casas no Pilar e na antiga Rocinha.
“Falta disposição para conservar o patrimônio histórico”, alfineta o superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Carlos Amorim. Ele lamenta a inexistência de legislação municipal, bem como a ausência de um órgão na estrutura do poder público local, versando sobre patrimônio. Ele cobra ainda uma postura proativa da Unesco. “Não há esforço verdadeiro para que cada um exerça seu papel”, critica.
Festas - “O Iphan não quer uma cidade cenário, sem vida”, afirma Amorim. Na sua opinião, é perfeitamente compatível a convivência harmoniosa do conjunto arquitetônico tombado com os festejos que caracterizam a região. Para isso, no entanto, destaca, basta ter bom senso.
“Há uma enorme incompreensão do significado de Centro Histórico para o País. Não temos apego, sensação de pertencimento, que deveria ser da sociedade toda”, analisa Amorim. O vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, responsável pela revitalização do Centro Histórico na esfera municipal, foi procurado, mas durante uma semana não encontrou espaço na sua agenda para entrevistas.

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